artístico
ROCK LUZ VELOCIDADE
CHEMALE FAX LUX
fernandinha! fernandinha! que bom te ver te ter no aeroanta bem aqui pertinho no largo da batata. pensar q te encontrei pela primeira vez um pouco abaixo do cú do mundo. curytiba. e ensaiamos trazer à sampa teus flashs relâmpagos sonoros das bandas mais loucas de porto.alegres como pau no cú do surdo e outras tranqueiras do rock gaúcho. q bom te ver…pueblos moçada rapaze replicantes daqui e daí. bladeranner. teu flash é todo pique. tua fotografia todo ritmo do rock
v e l ô c i d a d e
fernandinha! fernandinha! bom te ver te ter por aqui viva! duke lee dizia dia destes:"a gente tem q acreditar em quem banca sua loucura".
amo tuas f o t o m a c r o n a t u r e z a s e essa trip
q u a q u i p e r f o r m e a i a z e z
fernandinha! fernandinha! você traz do front cult de porto a ousadia alucinante som sexo rock and roll e multi-mídia e aí empatamos em nossas trilhas multi-visuais-sonoras-cults prá lá de pós-modernos minimals eco bossais transnovíssimos o papo é esse.prá lá de cabeça.quem for de som de foto rock arte-conceito e pós conceitos vai ver e crer q sua transa é.luz up to date integral encantada na velha câmara escura – é claro – fazendo nesta invenção sua parte na força da foto que ergue/constrói coisas belas. com essa sua entrée arrasante só posso tirar do peito este coração imenso que a arte nos dá e te desejar toda a fax lux do planet of this world.posé: faxlight.parabéns por esta coisa toda.e desculpe a rapidez. mas é pura na madrugada carregada de luzes e amores pueris.
beijos prá galeria
PAULO KLEIN
Fotógrafo e Crítico Visual/APCA-UBE-UFSP
São Paulo, março de 1992.
Desordem
Confesso, me sinto inadaptada
Nesta contemplação do descuido,
Onde cada amor não retribuído
Solene, beija a porta da razão,
Como o amante não desejado…
Trecho do Poema “Inspiro Expiro” de Gisela Rodriguez
“A fotografia de Fernanda dialoga com a poesia de Gisela, aberta em seus desfechos, livre em suas associações, numa atitude lúdica e cheia de imaginação. Para deleite do leitor e do espectador, seus olhares sempre são acompanhados por um leve ar libertador, um elemento emblemático de seu trabalho e que parece ser uma compreensão do momento atual: dedicar-se ao seu mundo com paixão e ironia.”
Titus Riedl, Curador e Pesquisador de Fotografia
DESORDEM | Gisela Rodriguez - poemas | Fernanda Chemale - fotografias
Nas fotos
Ophelia | Gisela Rodriguez | Casa da poeta (Vila Assunção)
Louco | Wander Wildner | Orla do Guaíba
Di Prima | Clarisse Nejar | Aeroclube do Rio Grande do Sul
Medusa | Kátia Suman | Praça Açorianos
Prometeu | Eduardo Bueno | Vila Flores
Borges & Medeiros | Lauro Ramalho e Elison Couto | Av. Borges de Medeiros
Cigana | Deborah Finocchiaro | Praça Júlio de Castilhos
Minotauro | Pascal Berten | Utopia e Luta
Guerreiro | Zé da Terreira (Dragão: Alexandre Fávero) | Viaduto da Conceição
Rayuela | Gica Beatnik e Wander Wildner | Viaduto Otávio Rocha
Alice | Rochele Zandavalli | Biblioteca Pública do Estado do RS
StonEna | Ena Lautert (Concepção Alexandre Antunes) | Rua Cabral
Dominadora | Daniela de Paula (Dommenique Luxor) | De Marchi Pneus
Prenda Negra | Heinz Limaverde | Usina do Gasômetro
Barbie | Elisa Volpatto | Igreja Nossa Senhora das Dores
Casulo | João Carlos Castanha | SAFE Park Duque de Caxias
Chinaski | Otto Guerra | Av. Bento Gonçalves
Caperucita Roja | Beatriz Borges (grafitte JP Pax-Lídia Brancher) | Rua Lopo Gonçalves
Arlequim | Edu K | Parque de Diversões Zapt Zum
Ulisses e Penélope | Luiz Paulo Vasconcellos e Sandra Dani | Parque Farroupilha
https://vimeo.com/enygmafilmes/desordem - vídeo do Rogério Ferrari
FotoRio | Exposição Ateliê da Imagem | Rio de Janeiro | 2015
Lens Culture | Lauren Sarazen – Article
SourceURL:file://localhost/Users/fernanda/Documents/DOCUMENTOS%20DE%20TRABALHO_MAC%203/GIS/2015_gis/2015_01_Desordem/2015/divulga%C3%A7%C3%A3o/DESORDEM_Galeria%20Tina%20Zappoli.doc
Desordem, novo livro de fotografias de Fernanda Chemale e poemas de Gisela Rodriguez propõe uma narrativa simbólica do homem contemporâneo dentro de uma atmosfera atemporal de solitude e desordem. O resultado são relações entre passado, presente e futuro que enfatizam um plano suspenso, quimérico e fabuloso, oferecendo um retrato do cenário urbano de uma sociedade permeada por relações interpessoais falidas e interligadas por medos, imaginações, emoções e modos de vida. O livro, uma brochura de 144 páginas em formato 20×22, tem direção de produção de Liége Biasotto e Design Gráfico de Flávio Wild e foi realizado através do Financiamento Fumproarte, Fundo Municipal de Apoio à Cultura e à Produção Artística de Porto Alegre.
Os poemas de Gisela Rodriguez desafiam a ordem da existência humana e pessoal, assim como política e social, insinuando um protagonista oculto, um anti-herói em busca da liberdade que acredita ainda ser possível observando a sociedade ao redor e a “desordem” de sentimentos.
As imagens de Chemale são formadas por personagens arquétipos que representam um inconsciente coletivo histórico. Estão em vertigem nos espaços públicos de Porto Alegre evocando um universo dramático em contraponto ao discurso cotidiano e fragmentado da cidade.
A encenação contou com o talento de Daniel Lion (figurinos), Marco Fronckowiak (cenografia e assistência de direção), Juliane Senna (maquiagem), Carol de Góes (fotos de making of e versão para o inglês) e André Varela (assistente de produção).
O livro tem apresentação do escritor Paulo Scott e do curador e pesquisador de fotografia Titus Riedl. Conta ainda com as participações especiais de Alexandre Antunes, Alexandre Fávero, Eduardo Aigner, JP Pax e Lidia Brancher, Paul Azevedo.
Vinte cenas icônicas concebidas originalmente para as fotografias do livro Desordem estarão expostas na galeria Tina Zappoli, entre elas as imagens que contaram com a participação de Sandra Dani, Luiz Paulo Vasconcellos, Wander Wildner, Lauro Ramalho, Elison Couto, Ena Lautert, Beatriz Borges, Clarice Nejar, Elisa Volpatto, Heinz Limaverde, Kátia Suman, Deborah Finocchiaro, Eduardo Bueno, Pascal Berten, Zé da Terreira, Otto Guerra, Castanha, Dommenique Luxor, Rochele Zandavalli, Gica Beatnik e Edu K. Como imagem seminal, a poeta Gisela Rodriguez protagoniza “Ophelia”.
Sobre as artistas
Fernanda Chemale, fotógrafa e artista visual, vêm desenvolvendo projetos na vertente autoral e documental buscando no cotidiano os vestígios do homem urbano e apropriando-se de seus objetos, espaços e ações casuais. Na construção de suas imagens suprime a fronteira entre realidade e ficção e sugere possibilidades narrativas, desafiando o espectador a decifrar imagens. Propõe uma fotografia oculta, paradoxal e subversiva. Entre as series que desenvolveu destacam-se Terráqueos, Rock Luz Velocidade, Mendigos, Abstracto, Face, Tempo de Rock e Luz, ElefanteCidadeSerpente, Espaço de Conflito, A Rua Suspensa, Retratos Clássicos do Rock Gaúcho.
Suas obras estão nas coleções Pirelli/MASP de Fotografias do Museu de Arte de São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Museu do Homem do Nordeste, Fundación de Foto Y Cine Latinoaméricano de Paris e Museu dos Descobrimentos em Portugal. É professora de fotografia, ministrando os cursos de fotografia de espetáculo e retrato. Como curadora atuou nos projetos da Galeria de Fotografia Olho Nu, IFCH-UFRGS; no CD Lory F.Band; no livro comemorativo aos 150 anos do Theatro São Pedro; no livro Silêncio em Siena; em homenagens do Porto Alegre Em Cena e na exposição Sertões Nômades do VI Theória da FUNDAJ. Recentemente exibiu suas fotos no Teatro Solís em Montevidéu e apresentou “A Rua Suspensa” na Fotogaleira Virgílio Calegari em Porto Alegre, 2º Prêmio IEAVi de Artes Visuais. Colaborou com a Fundação Joaquim Nabuco no projeto Nordestes Emergentes fotografando o Cariri com curadoria de Milton Guran e coordenação de Ciema Mello e desenvolveu a série Do Juazeiro ao Chuí fotografando o nordeste em trânsito no Rio de Janeiro para o VI Theória.
Gisela Rodriguez foi vocalista da banda punk-psicodélica Projeto Uivo, fazendo diversos shows durante sete anos pela capital e interior do RS. Roteiros e adaptações teatrais, além de poemas e contos, já faziam parte de sua rotina até que, em 2010, começou a participar de publicações em coletâneas e antologias de novos autores, e também a colaborar em sites e blogs literários. Seu primeiro romance Entre a Neve e o Deserto, foi lançado na sétima FestiPoa Literária, em maio de 2014. Formada em Teatro pela CAL(RJ), fez Extensão em Cinema na PUC(RS), Expressão Corporal “Physical Approach” na City Lit (Londres), curso de roteiro para cinema e televisão AlCtv – Academia Internacional de Cinema e TV(RJ) e cursos de aprimoramento na área do teatro-dança, expressão corporal, teatro antropológico e expressionista, entre outros. Criou um grupo de estudos e laboratórios teatrais que mais tarde transformou-se no Grupo Nômade, onde dirigiu, escreveu o roteiro e atuou.
Personagens e Artistas
Ficha técnica
Concepção: Fernanda Chemale e Gisela Rodriguez
Fotografia e edição: Fernanda Chemale
Poemas: Gisela Rodriguez
Direção de produção e relações artísticas: Liége Biasotto
Design gráfico: Flávio Wild
Textos de apresentação: Titus Riedl e Paulo Scott
Curadoria das fotografias: Fernanda Chemale, Titus Riedl e Flávio Wild
Tradução e fotos de making of: Carol de Góes
Fotografias – criação coletiva Fernanda Chemale, Gisela Rodriguez, Liége Biasotto, Daniel Lion, Marco Fronckowiak e Juliane Senna
Figurinos: Daniel Lion
Cenografia e assistência de direção: Marco Fronckowiak
Maquiagem: Juliane Senna
Assistente de produção: André Varela
Vídeo: Rogério Brasil Ferrari
Assessoria de imprensa: Bebê Baumgarten – BD Divulgação
Participações especiais: Alexandre Antunes, Alexandre Fávero, Eduardo Aigner (making of e assessoria de imagem), JP Pax e Lidia Brancher (grafite), Paul Azevedo (cabelos)
Apoio: Galeria Tina Zappoli, Gráfica Odisséia, Enygma Filmes Brazil, GO IMAGE, Adolfo Lona Vinhos e Espumantes, Ateliê da Imagem, WildStudio
Realização: Cuco Produções e GIS Fotografias e Filmes
Financiamento: FUMPROARTE – Prefeitura Municipal de Porto Alegre
Sobre o livro Desordem
Fernanda Chemale e Gisela Rodriguez
R$ 60,00
ISBN 978-85-904319-3-0
Brochura | Impressão Colorida – Papel couchê fosco e pólen bold
Formato 20x22cm | 144pg. | Ano 2015
Texto de apresentação: Titus Riedl e Paulo Scott
Design gráfico: Flávio Wild
Mais informações: http://projetodesordem.com/
https://vimeo.com/122071153
DESORDEM, livro fotografias de Fernanda Chemale inspirado nos poemas de Gisela Rodriguez.
“A fotografia de Fernanda dialoga com a poesia de Gisela, aberta em seus desfechos, livre em suas associações, numa atitude lúdica e cheia de imaginação. Para deleite do leitor e do espectador, seus olhares sempre são acompanhados por um leve ar libertador, um elemento emblemático de seu trabalho e que parece ser uma compreensão do momento atual: dedicar-se ao seu mundo com paixão e ironia.”
Titus Riedl, Curador e Pesquisador de Fotografia
CANELA FOTO WORKSHOPS
11 de abril |20h – Lançamento do Livro e Preview da Exposição
Espaço 273 | Rua Tenente Manoel Corrêa, 273 – Centro | Canela – RS
Saiba mais sobre as exposições
http://www.canelaworkshops.com.br/exposicoes
Catálogo
http://www.youblisher.com/p/1109288-Canela-Foto-Workshops-2015/
https://aboutlightblog.wordpress.com/2019/06/21/os-autorretratos-ficcionais-de-fernanda-chemale/
Retratos Clássicos do Rock Gaúcho
“Retratos Clássicos do Rock Gaúcho” é um inventário de cena rock Porto-alegrense, localizada no extremo sul do Brasil. São retratos de artistas que escrevem a história da música na cidade e estão ligados à evolução do rock no Sul do país. Aponta a resistência do circuito alternativo destes artistas onde sons e imagens dialogam, formando uma base para as ações coletivas e documentando uma época e uma tribo. É o testemunho dos laços poderosos que unem música, luz, rock e fotografia.
“Se a representação humana na fotografia, desde sua invenção, sempre foi parte de uma cerimônia ritual que acompanhou a iconografia do retrato fotográfico, podemos dizer que a fotografia – como primeira arte verdadeiramente popular que alargou a possibilidade do ver-se em imagens - é, por excelência, uma arte performática. A história do rock também passa por um imaginário constituído por imagens fotográficas. O universo do rock e seus protagonistas são homenagens ao tempo presente através da memória do tempo passado e do sentido ritualístico que segue envolvendo este segmento da cultura contemporânea. Como na noção ancestral de festa na qual a musicalidade era elemento indispensável. É possível fazer o som virar imagem? Tal e qual o êxtase de Dali, nas silenciosas fotografias de Fernanda, somos convidados não a ouvir, mas a sentir a musicalidade que circunda os registros, pois estamos num espaço visual de transição. O que é o rock, senão vertigem, êxtase, inquietação, performance?”
Alexandre Santos, Historiador e Critico de Arte
“Retratos Clássicos do Rock Gaúcho” is an inventory of the rock scene in Porto Alegre, a city in southern Brazil. The portraits of artists who write the history of music in the city and are linked to the evolution of rock in the South. Points out the alternative circuit resistance of these artists where sounds and images dialogue, forming a basis for collective action and documenting a time and a tribe. It is the testimony of the powerful bonds that unite music, light rock and photography.
King Jim, Wander Wildner, Edu K, Beto Bruno, Biba Meira, Julia Barth, Plato Divorak, Márcio Petracco, Jimi Joe, Marcelo Fornasier, Bebeto Alves, Nenung, Cláudio Heinz, Nei Van Soria, Luis Henrique Tchê Gomes, Carlos Carneiro, Castor Daudt, Pedro Motta, Marcelo Gross, Tonho Crocco, Julio Reny, Flu, Carlos Eduardo Miranda, Frank Jorge, Hermes Aquino, Charles Master, Carlos Gerbase, Júpiter Maçã,
2012 – Paraty em Foco
2013 – 7º FestFotoPoa | Estendal
2014 – Semana Rock do Sesc-RS
2016 – Encontros da Imagem, Solar Night of Projections
Espaço de Conflito
“O teatro acontece em nossas vidas da maneira mais visceral possível: no tempo presente. Depois fica a recordação inebriante que foi viver as cenas abrigadas naquele espetáculo, o espaço, a estória, e o conflito que aconteceu no palco e permanece na memória. Uma arte que existe no tempo que urge, na emoção inserida na representação, efêmera em sua modéstia. Isso é o teatro, a expressão da ficção no tempo real.”
Gisela Rodriguez
“ESPAÇO DE CONFLITO” exposição de fotografias de Fernanda Chemale inaugura no próximo dia 18 de setembro as 19:00h na Galeria dos Arcos na Usina do Gasômetro. São 20 imagens 37x56cm que reverenciam a cena teatral num recorte autoral sobre o êxtase da interpretação. Personagens em vertigem são o ponto de partida. Pequenos instantes e diferentes estados de energia revelam o universo dramático da simplicidade de uma ação. Embalados pela expressividade da criação são imagens perturbam e desequilibram. “Espaço de Conflito” esteve em versão ampliada no Teatro Solís em Montevidéu através de seleção do edital internacional do Centro de Fotografía de Montevideo, é também a série que deu os primeiros passos na concepção do próximo trabalho “Desordem” que sera lançado ainda este ano em formato de livro e exposição.
A Exposição Espaço de Conflito foi exibida em:
Galeria Borro, Porto Alegre, RS, Brasil
Galeria do Teatro Solís em Montevidéu, Uruguai
Galeria do Arcos, Usina do Gasômetro, Porto Alegre, RS, Brasil
A Rua Suspensa
A RUA SUSPENSA
Fernanda Chemale
Fotografia – Instalação
15 x 21cm
2008 | 2011 | 2013
Na expansão da metrópole,
Encontra-se uma rua com o semblante do interior
Arquitetura: remete ao passado.
Calor humano: devolve o dia de hoje.
Nas casas, gerações de histórias.
Futuro, Novo, Passado e Antepassado.
Passagem do tempo.
Travessa no tempo.
Transformações,
internas e externas.
Viva e efervescente!
Vê nez i anos
Inspirado na Travessa Venezianos, uma rua tradicional de Porto Alegre no sul do Brasil e tombada pelo patrimônio histórico do município ”A Rua Suspensa” valoriza a arquitetura das fachadas pitorescas das casas datadas do início do século XX e mostram uma arquitetura muito simples. Seu valor histórico reside em constituírem um grupo intacto de habitações populares típicas de muitas cidades brasileiras.
O imaginário de uma cidade do interior é representado por suas casas e habitantes inserido na metrópole, narra a vida de crianças brincando e a ação cotidiana das mulheres que se reúnem em frente à porta de casa. Em suma, a vida fluindo. A Rua Suspensa afirma a poesia de uma vida cotidiana, rotineira e tranqüila que está tão longe e tão perto das batidas monumentais de uma cidade grande ao mesmo tempo que afirma o exercício da memória.
As fachadas resumidas a uma porta e uma ou duas janelas foram fotografadas de modo formal com um tripé em dia de luz muito alta em ponto de vista repetitivo, buscando mostrar o modo como estão dispostas na rua, sendo pegadas umas às outras em fileira. Já o grupo humano que habita e freqüenta esta rua foi fotografado em suas ações cotidianas em horário solar mais ameno e com a câmera na mão, buscando participar desta convivência.
Estes elementos juntos, casas e pessoas propõe a representação da Travessa Venezianos e remetem a uma cantiga popular: “Se essa Rua fosse minha eu mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhantes para o meu amor passar…” que compõe este espaço em um imaginário de cidade do interior inserido como que suspenso na metrópole.
As caixas suspensas à altura dos olhos são compostas por fotos capturadas em 2008 e 2011 trazendo em uma das faces as coloridas e festivas fachadas das casas da Travessa o no verso as imagens de seus moradores. Na instalação original são 14 caixas na dimensão 15cm x 21cm, com uma espessura de 5cm contendo imagens nos dois lados maiores. São dispostas em duas linhas paralelas que se distanciam uma da outra por um espaço de 1,5m e possuem um intervalo de 10cm entre cada uma das caixas, tendo esta instalação um total de 4 faces e 2 entradas, simulando a idéia de uma rua por onde o espectador passa. As imagens desta rua são a arquitetura das casas. Em seu verso é exibido o lado humano.
Trilha
Captação de Som:
Breno Ketzer Saul e Pedro Moreira Saul
Edição de Som: Kátia Costa
Nas fotos:
Lais Luciane da Conceição
Ana Henrique
Vera Regina Gomes Martins
Clara Leiaine Santos
Brenda Alexia
Iandra Soares Ferreira
Evelyn Vieira Costa
Georgia Alexandra Soares Ferreira
Larissa Vieira Costa
Alisson Ferreira
Jackson Ferreira
Flávia Vieira Costa
Sisenando Costa
Exibições
2022 – “A Casa do Tempo”, Exposição do núcleo Curatorial Atravessamentos, formado por Marlene Reinaldo, Sandra Gonçalves e Vera Carlloto, 2ª Turma de Especialização em Práticas Curatoriais UFRGS, Laboratório de Projeto Curatorial e Laboratório de Expografia e Montagem, coordenação de Ana Albani de Carvalho e Bruna Fetter, Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, RS.
2013 – “A Rua Suspensa”, Fotogalería Virgilio Calegari, Direção de Arte de Marco Fronckowiak, 2º Prêmio IEAVi de Arte Contemporânea, Porto Alegre.
2013 – “A Rua Suspensa”, V Theória, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, PE;
2008 – “Travessa Venezianos – Construções no Tempo”, Curadoria de Zoravia Bettiol, A Rua Suspensa, Direção de Arte de Breno Saul, Chico Lisboa, comemoração dos 70 Anos da Associação, Porto Alegre, RS.
Tempo de Rock e Luz
LUZES PRIMÁRIAS E SONS PRIMITIVOS
Não existem linguagens puras. Toda linguagem é uma mistura, uma hibridação, uma miscigenação. Nas fotos de Fernanda Chemale, a mistura de sons e imagens, além de evidente, transforma-se numa estética própria e original. Os sons são fundadores da comunicação humana. Quando determinados macacos conseguiram estabelecer significados comuns para seus grunhidos, fundaram a espécie humana. Um pouco mais tarde, estavam pintando as presas de suas caçadas nas paredes das cavernas. Sons e imagens sempre dialogaram: os sons portando uma sintaxe mínima, uma base para ações coletivas; as imagens dando forma para desejos e emoções, uma plataforma para a mágica. A palavra escrita veio muito depois, quando os homens já precisavam de discursos persuasivos e de símbolos mais abstratos. As fotos de Fernanda, apesar de não escaparem da dimensão discursiva – e nenhuma imagem técnica escapa: são sempre textos a desvendar –, têm uma primitividade e uma força expressiva que nascem da paixão pela mística do palco, pelas batidas brutas do rock e pela dança radical das luzes.
Tanto a música quanto a fotografia exigem certos conhecimentos técnicos. Mas no (bom) rock, os instrumentos da racionalidade estão a serviço da emoção. Os (bons) fotógrafos também funcionam assim: dominam suas câmeras e suas objetivas para que elas sejam extensões tecnológicas de seu olhar. Um olhar de caçador pré-histórico à espreita de sua presa. Um olhar saudavelmente selvagem. Em várias fotos de Fernanda, os músicos aparecem como monstros, (de)formados pela impressão da luz sobre o filme. Com um tempo de exposição longo (e, portanto, primitivo, distante dos sofisticados obturadores de milésimos de segundo), aparecem os animais que sempre preservaram a essência do rock, essa música tribal, simples e orgânica, destinada à dança, à bebida, ao amor e à liberdade. Capturar esses animais, em pleno ritual de celebração da vida, é a missão de Fernanda.
Não é tarefa fácil. Exige paciência, constância e a sabedoria de aproximar-se de cada presa com a estratégia mais adequada. Às vezes, Fernanda é um predador: escondida nas laterais do palco ou submersa na platéia, ela dispara sem aviso, invisível, instantânea e sem clemência. Outras vezes, aproveitando sua simpatia e seu olhar meigo, estabelece cumplicidades e pede às vítimas um certo ângulo, uma certa luz, para obter um retrato mais quente e mais revelador. O trabalho de Fernanda Chemale veio para ficar. Sua combinação de sensibilidade e primitivismo, além de documentar uma época e uma tribo, é um testemunho dos laços poderosos que unem música, luz, rock e fotografia.
Carlos Gerbase
21/01/2004
OS MUITOS ROCKS GAÚCHOS
Comecemos com um pecadilho jornalístico: uma pergunta. Afinal, o que é este tal de rock gaúcho? E já de início precisaremos juntar os cacos para achar as respostas. No caso do rock gaúcho, juntar os cacos é muito mais que uma figura de linguagem, mas uma expressão que deve ser levada ao pé da letra. Pois como explicar uma coisa tão fragmentária? Algo que vai do rock básico – praticado tanto pelos (então) garotos do TNT quanto pelos veteranos da Bandaliera, orgulhosos de sua herança do IAPI, via Bixo da Seda – até os ensaios progressivo-fusion de bandas como Raiz de Pedra e Cheiro de Vida. E eis aí outra questão saltando do texto: como explicar o IAPI, um bairro operário de Porto Alegre, de onde saíram Elis Regina e Bixo da Seda? E em meio a tudo isso existe o punk dos Replicantes e o pop sofisticado de Júlio Reny. E o trabalho de Duca Leindecker, à frente da Cidadão Quem, legítimo, ainda que aparentemente improvável, herdeiro do grão-mestre Fughetti Luz que deu voz ao Liverpool e ao já citado Bixo da Seda. Agora, parece que estamos chegando perto de uma resposta possível, pois não existe rock gaúcho! Existem, sim, vários rocks gaúchos. Assim como a Bahia de Todos os Santos, que, dizia Vinícius de Morais, são tantos, o fragmentário rock gaúcho também se reparte em muitos, acabando por se tornar onipresente. E, a um só tempo, democrático. A convivência entre grupos das mais variadas tendências é saudável e revigorante (ainda que, eventualmente, saiam algumas faíscas dessas relações). Talvez por isso também tenha sido possível a todos esses rocks gaúchos ocupar os mais diferentes espaços. Multifacetado, fragmentário, por vezes espasmódico, o rock gaúcho se espalhou não só por teatros (Carlinhos Hartlieb e suas memoráveis Rodas de Som no Teatro de Arena, as noitadas do Clube de Cultura), mas também por seu habitat mais natural: os bares. Porto de Elis, Ocidente, B-52, Taj Mahal, 433 (depois Estação Zero), Vórtex, Rola Rock e, claro, o inesquecível Rocket, do Mutuca, lá no Menino Deus, dando novo início a tudo no raiar dos anos 80. Esses nomes de lugares, assim como os nomes das bandas e artistas que escreveram a história (ou as muitas histórias) de todos os rocks gaúchos, estão ligados de maneira indelével à evolução do rock no Sul. Tanto quanto todas as muitas bandas que foram, continuam sendo ou estão começando a ser, esses lugares foram e são sinônimos de rock.
Desde o antigo Teatro Leopoldina (depois Teatro da Ospa), templo da cultura porto-alegrense nos anos 60, “assaltado” pelo Liverpool em 1969, até os dias de hoje, com as guitarras invadindo o Theatro São Pedro, todo esse rock rendeu, além de inúmeras e literalmente antológicas canções, imagens igualmente dignas de serem eternizadas em um livro.
JIMI JOE
Porto Alegre
Verão/2004
FEITA DE ROCK E DE LUZ…
Fernanda é feita de rock e de luz. Este livro é assim como uma extensão dela mesma, o que o torna ainda mais precioso.
Tendo vivido todos os rocks gaúchos, Fernanda nos mostra palcos, roqueiros, galeras, tribos e bastidores, mas vai muito além da documentação linear, esta que a gente encontra nos livros do gênero. Tempo de rock e luz reúne imagens de sensações, viagens e vivências, enfim, fotos feitas do som do rock passando por dentro da Fernanda e da luz da Fernanda desenhando esse som.
Textos aparecem como roteiros sutis, palavras mágicas que completam o encantamento de nos envolver no mundo do rock além do rock, lá onde sempre se quis chegar e de onde tantos não voltaram, viraram luz – mas estão presentes e homenageados nessas fotos.
Fernanda fez a viagem, viu tudo, sentiu tudo e agora nos conta tudo. Talvez essa seja a sua mais forte magia. Valeu.
Milton Guran
O SENTIDO PERFORMÁTICO DA FOTOGRAFIA
O Fenômeno do Êxtase (1933) é o título de uma colagem fotográfica de Salvador Dali (1904-1989), na qual há o encontro de fragmentos de fotografias obscenas, retiradas de arquivos anônimos da virada do século XIX. Diferentes recortes corporais indicam ao espectador, metonimicamente, o princípio do gozo, a entrega sem concessões ao êxtase sexual, como se estivéssemos num “espaço entre” das imagens. Olhando as fotografias de Fernanda Chemale, não vejo a mesma preocupação, mas seqüências documentais nas quais subjazem outras latências, tão provocadoras quanto aquelas trazidas à baila pelo ensaio de Dali. Inevitavelmente, sou levado a pensar sobre o sentido metonímico da fotografia, sempre ligada à fragmentação do mundo e da experiência vivida.
O universo do rock e seus protagonistas, captados pelas lentes da fotόgrafa, são homenagens ao tempo presente – tempo de rock, anos 80 e 90 – através da memória do tempo passado e do sentido ritualístico que segue envolvendo este segmento da cultura contemporânea. Como na noção ancestral de festa, na qual a musicalidade era elemento indispensável, no tempo de rock e de luz de Chemale encontramos um pensamento imagético que se interroga quanto ao limite entre as diferentes artes. É possível fazer o som virar imagem? Tal e qual o êxtase de Dali, nas silenciosas fotografias de Fernanda somos convidados não a ouvir, mas a sentir a musicalidade que circunda os registros, pois estamos num espaço visual de transição. Como em experiências semelhantes da fotografia de Alair Gomes (1921-1992) e Arthur Omar (1948), que se entregaram à captação dos olhares extasiados do transe carnavalesco, Fernanda nos mostra olhares agressivos, danças imprevisíveis, corpos que se lançam à turba hipnotizada, como se fosse possível flutuar. O que é o rock, afinal, senão vertigem, êxtase, inquietação, performance?
Na crescente realidade de imagens em que vivemos, falar em performance é pensar na edificação de um eu social idealizado. Na arte contemporânea, no entanto, a performance encarna toda uma provocação que, posta pela mise-en-scène, concretiza-se na memória, via de regra, pela imagem. O imprevisível se faz pela previsão, em consonância com um rito pré-estabelecido. Pensemos nas ações performáticas da body art e sua tentativa de recuperabilidade de um sentido artístico limiar à religiosidade, onde o corpo é elemento central. No rock há uma entrega parecida, envolvendo teatralização e memόria.
Se a representação humana na fotografia, desde sua invenção, sempre foi parte de uma cerimônia ritual que acompanhou, por exemplo, a iconografia do retrato fotográfico, podemos dizer que a fotografia – como primeira arte verdadeiramente popular que alargou a possibilidade do ver-se em imagens - é, por excelência, uma arte performática. A história do rock, neste eixo de raciocínio, também passa por um imaginário constituído por imagens fotográficas, seja das revistas especializadas ou das antigas capas de vinis. Quem não lembra de Janis Joplin, escondida em penachos e imensos óculos? Ou de David Bowie, transbordando androginia na capa do álbum The man who sold the world? Ou ainda, das cabeças dos Secos & Molhados, servidas em estranha mesa de banquete? Os exemplos de performances rockeiras, eternizadas em imagens, são inúmeros. Aliás, vale lembrar o filme Performance (1970), de Donald Cammel e Nicolas Roeg, cujo ator principal é ninguém menos do que um juvenil Mick Jagger.
Melhor lugar não há para inserir a memória do rock, do que o mundo à parte das fotografias, este mundo de bidimensionalidade, onde é possível planar, assim como vislumbrar as utopias necessárias a um mundo de transformações ainda muito lentas. O valor documental das imagens que Fernanda nos traz neste trabalho – quase vinte anos de coleta – é indubitável. Estamos diante de um inventário da história do rock local em imagens. Mas o elemento mais importante desta documentação é, sem dúvida, o sentido de ultrapassagem da pura informação visual, através de uma escritura existencial e subjetiva deste tempo específico. Em suas imagens, Chemale constrói uma espécie de autobiografia enquanto espectadora, personagem e narradora do clima que nutriu essa época.
Alexandre Santos
Historiador e Critico de Arte
ElefanteCidadeSerpente
Nas coisas banais do meu cotidiano encontro as imagens de ElefanteCidadeSerpente. Procuro os vestígios do homem urbano e me aproprio de seus objetos e espaços. As situações se apresentam em ações óbvias e casuais. Explorando vidas humanas, vejo o quanto o anonimato das grandes cidades é particular e como em meu subconsciente tudo se rompe. O que é interior passa a ser exterior, suprimindo a fronteira entre realidade e imaginação. Construindo essas imagens evoquei outros mundos, sugestionando dimensões de realidade, muitas vezes enigmáticas. Neste ambiente, o espectador é desafiado a decifrá-las.
Fotografia oculta, paradoxal e subversiva.
O abstrato está sobre o figurativo.
O contexto, saturado.
O mundo real é transformado em virtual.